terça-feira, 21 de maio de 2013

Sinestesia - Capitulo 5

  Após um acabar mais um dia de aula, Ronnie foi para casa , abriu o portão, foi para seu quarto sem falar com ninguém de casa, jogou sua mochila na cama, tirou os sapatos e ligou o computador para jogar Lot of War, não viu o tempo passar e logo estava escutando sua mãe chamando para a janta.    Ronnie avisou seu grupo de jogo que estaria longe por um tempo e que voltaria logo, foi até a cozinha e encontrou seus pais, Dario e Verônica, sentados na mesa com seus pratos de comida e exalando uma cor bege. Ronnie estranhou o fato de seus pais estarem exalando a cor bege, mas nem se importou, pegou um prato, se serviu e foi em direção à saída da cozinha, mas ao chegar perto da porta, Dario lhe chamou a atenção.    - Ronnie, vem comer na mesa hoje, filho.    Ronnie estranhou o tom em que o pai disse essa frase costumeira, não era o tom nervoso e vermelho que sempre usava quando dizia essas palavras, Dario estava chamando a atenção com um tom de medo bege e pela primeira vez Ronnie consentiu o pedido do pai e sentou na cadeira da cozinha para comer. Apos um tempo Dario voltou a falar.   - Ronnie... Vamos ter que fazer alguns cortes com os gastos de casa, a Floreixos faliu e eu não sei se vou conseguir outro emprego tão cedo. – Floreixos era a empresa que Dario trabalhava como inspetor de produção, com isso, conseguia sustentar uma família de classe médio-alta sem esforços.    - Cortar os custos como? – Lógico que Ronnie sabia como eles iriam cortar os custos, ele apenas estava surpreso e não sabia o que falar. 
  - Pra começar vamos parar de comprar “besteiras” todo o final de semana, tente evitar usar muita energia, mas por enquanto é só isso. Já conversei com sua mãe, caso eu não consiga um emprego em alguns meses, vamos cortar a internet e vou precisar que você ajude com as contas. 
  -É só isso? 
  - Só... 
  -Então vou pro meu quarto. – Ronnie não esperou qualquer resposta, apenas largou seu prato na mesa e foi ao seu quarto voltar a jogar LoW 
  Ficar sem internet... Caralho... Não consigo nem imaginar...” Ronnie nunca ficou sem internet na vida, afinal, sua família sempre teve uma vida mais cara que a das outras pessoas de seu bairro, e quando começou a trabalhar nada lhe faltava. 
  Chegando ao seu quarto, Ronnie foi direto para seu computador, colocou os fones de ouvido e falou com o seu grupo de LoW pelo microfone. 
  - Voltei galera. 
  -Até que fim. Ta foda de upar sem alguém pra dar dano massivo e chamar a atenção. - Quem estava falando era Mick.  
  - Meus pais insistiram que eu comesse na mesa porque eles tinham que falar comigo. Meu pai foi demitido, parece que vou ter que ajudar com a grana e economizar mais. 
  - Ai é foda em velho. Acha que ce vai ter que parar de jogar por um tempo? - Quem estava falando agora era Lady_Raven. Lady era uma pessoa que usava uma personagem feminina de classe arqueira , mas quando Mick criou um chat para conversarem por voz, perceberam que de Feminino Lady não tinha muita coisa, sua voz era mais grossa que a de qualquer um ali, parecia ter uns 20 ou 25 anos.  Ninguém do grupo conhecia Lady_Raven de verdade. 
  - Não, por enquanto com o que a gente tem guardado, os direitos do meu pai e o seguro desemprego da pra viver um tempo com internet, só vou ter que jogar um pouco menos pra economizar a energia e acho que meu pai consegue emprego logo logo, ele tinha um cargo bom na empresa. 
  -Young_Merlin diz: ow galere, bora fazer quest de evento? aquela que tem q matar o cthulho - Young_Merlin não tinha microfone como os outros, então ele apenas escutava a conversa e falava com eles pelo chat de jogo. O nome verdadeiro de Young_Merlin era Bruno, estuda na mesma sala que Mick. 
  - Bora la! Bora la! - Dizia Ronnie - Só pera eu esvaziar minha bolsa no banco. 
  - Vo junto Dio. Tenho que pegar mais flecha. - Respondeu Lady_Raven. No meio do caminho Ronnie começou a escutar uma certa gritaria, não no fone de ouvido, mas no mundo real mesmo, porem pouco se importou, "Provavelmente são os vizinhos brigando de novo." pensou Ronnie. Então a porta do quarto abriu com força e um estranho entrou. 
  -Sai disso ae muleque! Vem pra ca caralho! Tira Essa porra da tomada! Anda! Anda! Vai seu bixinha do Caralho! - O estranho estava vestido com uma camisa do time Sancts, touca de motoqueiro, armado e exalando cores negras e vermelhas, apontando o revolver em direção de Ronnie. 
  -Caralho! - Disse Ronnie olhando pra dentro do cano da arma e essa foi a sua única reação no momento. 
  -Que aconteceu ae Dio? Fala ae porra! - Foi a ultima coisa que Ronnie conseguiu ouvir nos fones de ouvido. O estranho andou em direção do computador e tirou a tomada pra não correr qualquer risco. 
  - Vamo la seu porra! Vai pro banheiro, baitolinha do caralho! - Dizia o estranho enquanto dava coronhadas na cabeça de Ronnie, que por sua vez começou a ver tudo com tonalidade bege e correu para o banheiro, como lhe mandara. 
  No banheiro, Ronnie encontrou seu pai, exalando bege e vermelho, sua mãe, chorando enquanto exalava bege e outro homem com touca de motoqueiro, camisa de Dashball e armado, esse exalava preto e amarelo enquanto apontava a arma para Verônica e ria, o time da camisa era dos Hellhounds. 
  - Senta ae cuzão. - Dizia o estranho com camisa dos Sancts, nesse momento ele estava deixando de exalar vermelho e estava exalando dourado. - Ae Goiabinha, cuida desses viado ae enquanto eu e o Zé enche a caçamba. 
  Ronnie via tudo bege, não estava entendendo muito o que acontecia em sua volta, viu que seu pai tinha um pouco de sangue escorrendo da boca, escutava alguns comentários do lado de fora do banheiro, e barulho de coisas sendo arrastadas. 
  - Até que você é bonitinha. - Dizia Goiabinha para Verônica, que por sua vez apenas chorava. - Quer sair comigo qualquer dia desses? Fica assim não, ce vai gosta. Sou branquelo mas tenho uma piroca grande, aposto que esse viadinho ae do seu lado nem consegue ergue a bengala. - quanto mais ele falava, mais Dario exalava vermelho e mais Verônica chorava. 
  O cara com camisa dos Sancts voltou com um cara alto e esguio, usava uma camisa sem estampa e touca de motoqueiro, exalava um pouco de bege e um pouco de preto. 
   - Pega esse relógio ae  velho cagão. - Dizia o estranho de camisa dos Sancts enquanto jogava um relógio despertador em cima do colo de Dario. - Quando passar meia hora ceis tão liberado pra sai dessa porra. Vamo. 
  Goiabinha deu uma piscadela para Verônica e então os três saíram do banheiro, Ronnie percebeu que eles ainda não tinham ido embora, estavam esperando do lado de fora para ver se seriam obedecidos. Depois de alguns minutos, Ronnie escutou os ladrões saindo da casa, entrando no veículo e partindo, então ele esperou mais alguns minutos e saiu faltando em torno de 20 minutos do combinado. TVs, Computadores, ventiladores, micro-ondas, vídeo Games, alimentos, dinheiro, até mesmo a espada que Ron tinha pendurado na parede de seu quarto foi levada, achou um milagre não terem levado seu vídeo game portátil. 
  Ronnie começou a escutar sirenes, mas voltou para o banheiro para ver se seus pais ainda estavam lá, e estavam, porem agora seu pai chorava e socava o chão. 


Escrito por: Rafael Lucas de Souza Alves


19/05/2013

domingo, 12 de maio de 2013

Sinestesia - Capitulo 4


 As aulas voltaram, mas em relação à sala do ano passado, Ronnie não via muita diferença, os garotos exalavam o tom amarelo, puro ou misturado com verde ou laranja, fora Marcos, que exalava amarelo, preto e vermelho, muitas garotas exalavam rosa e verde, sempre entre os grupinhos tinha uma que exibia dourado, na sala havia uma pessoa que Ronnie chamava de “sempre raivosa”, que sempre exalava vermelho, e uns 2 que exalavam bege, quase o mesmo de todos os anos, só Mick que lhe fazia falta.
  O professor entrou na sala e foi direto à lousa, esbanjando o seu roxo como a maioria dos professores, Ronnie sabia o que iria acontecer, todo início de ano de aprendizado os professores queriam fazer alguma espécie de apresentação ou coisa do tipo, então o que ele precisava fazer era apenas ficar quieto e dizer seu nome e idade quando o professor perguntasse. Após ver todas essas cores na sala, Ronnie lembrou da promessa feita ao Mick, que iria fazer uma espécie de explicação sobre as cores que ele via. Ronnie pegou os lápis de cores que trouxe de cara, uma folha de sulfite e começou a pintar círculos, um de cada cor, para escrever na frente de cada um, o que sentia em relação aquela cor, lógico que ele não tinha todas as cores, e nem sabia explicar o sentimento de outras, mas tentou fazer o básico.
  O tempo passou e logo era o intervalo, Ronnie desceu até o térreo e foi até o jardim, em um local com arvores cortadas onde ele e Mick costumavam sentar para conversar, e lá estava Mick, sentado em um tronco cortado de arvore.
  - E ae Ron! Tudo beleza? – Mick estava alegre, assim como sempre, e esbanjava sua cor laranja.
  - Tudo bem cara. Lembra aquela explicação sobre minhas cores que eu lhe prometi no L.o.W.? Tentei fazer algo nesse papel. - Ronnie mostrou o papel à Mick, que por sua vez pegou o mesmo e o segurou para ler, meio que afastando o rosto da folha.
  - Azul, fascinante. Vermelho, Raiva. Amarelo, brincalhão. Bege, pessoa com medo ou tímida. Roxo, inteligência. Rosa, alguém que quer atenção. Verde, inveja. Laranja, alegria. Cinza, calma. Rosa camarão, vergonha. Branco, esperança. Preto, algo que devo temer. - Mick leu em voz alta e clara o que estava escrito no papel.
  - A maioria das vezes eu vejo as pessoas exalando elas, o que quer dizer que elas são daquele jeito, mas as vezes eu vejo o que estou exalando, normalmente é quando aquele sentimento está tão grande que eu não consigo conter. Também tem cores que não sei explicar, a maioria nem tenho lápis de cores o suficiente, como o dourado, que normalmente são pessoas que querem sempre estar pro cima dos outros. Tem as “Cores de Esgrima“ também, são as mais diferentes e difíceis de demonstrar em papel, mas elas normalmente me dão comandos de como eu devo lutar.
  -Pelo menos é o básico. Hahahah! – Mick tinha uma risada forte e alta – Quer dizer que eu exalo laranja? Legal... E aquela garota lá? – Mick apontou para uma bela garota de seios fartos, cabelo castanho meio encaracolado que estava indo conversar com uma amiga – que cor ela exala?
  - A garota?! Eeer... Rosa... Quase todas as garotas exibem rosa... E também...  Um pouco de... Azul... – nesse momento Ronnie já estava corado e Mick estava rindo.
  - É... Aqueles seios chamam bastante atenção e são fascinantes. Hahahaha! Mas e no L.o.W.? Você também vê essas cores no mundo virtual?
  - Vejo com menos freqüência, às vezes em algumas lutas com boss consigo até ver as “Cores de Esgrima”.
  - Deve ser por isso que você quase não morre. Hahaha! Vamos lá nos bebedores, estou com sede.
  Ronnie e Michelangelo andaram devagar até os bebedores, no caminho falaram bastante sobre Lot of War e após beberem água o sinal que dava o toque de retornar à sala de aula foi acionado, os dois se despediram e foram para suas respectivas salas, Ronnie no segundo andar e Mick no primeiro.
  As próximas aulas de Ronnie eram de educação física, se é que ele podia chamar aquilo de aula, afinal, o professor apenas decia com todos para a quadra, dava uma bola de dashball para os alunos e eles que se virassem jogando, a única diferença que vira nessa aula era porque estavam no inicio de ano, e o professor Osmar queria que todos se apresentassem.
  -Olá! Meu nome é Osmar e eu sou o professor de educação física! – disse o professor Osmar, como se ninguém lá o conhecesse – Quero conhecer todos aqui, e também quero que todos formem uma roda... Isso... Agora vou passar essa bola para alguém do circulo e quero que essa pessoa pegue a bola, diga seu nome, idade e em que bairro mora. Começando agora.
  O professor Osmar fez uma pose parecida com a pose de passe de dashball e jogou a bola para uma garota que exalava rosa com um verde muito bem escondido, que pegou a bola com dificuldade enquanto seus amiguinhos davam risadinhas.
  - Meu nome é Ana, tenho 15 anos e moro no bairro Narciso. – Ana apenas passou a bola para sua amiga ao lado, dando risadinhas, em vez de jogar a bola para alguém como o professor. A amiga de Ana exalava rosa e dourado
  - Meu nome é Penélope, tenho 15 anos e moro no bairro de Narciso. – a mesma fez o mesmo gesto que a amiga, porem o fez para um garoto alto de pele morena que exalava rosa, amarelo e laranja, parecia ser o tipo que está sempre tentando conquistar as mulheres.
 - meu nome é Gustavo, tenho 16 anos e moro no bairro Sândalo. – Gustavo jogou a bola, mas não que nem o professor fez, ele apenas pulou uma menina que exalava bege ao seu lado e passou para um baixinho de boné que exalava amarelo.
  -Meu nome é Vinicius, tenho 15 anos e Moro no bairro Jacinto. – Era o mesmo Vinicius da esgrima, o mesmo Vinicius de voz estridente – Os caras podem me chamar de Viny e as gatinhas podem me chamar de amor. - Vinicius deu uma piscadela nada discreta para uma menina que ficava a sua frente na roda, e muitos deram risadas, ele foi o primeiro a jogar a bola como o professor fez, e dessa vez a bola foi para Marcos.
  - Meu nome é Marcos Mori, tenho 17 anos e moro em Tomilho.
   Marcos exalou um pouco mais seu amarelo e seu preto que normalmente, olhou para Ronnie e depois para a direção contraria, como se estivesse procurando pra quem iria jogar a bola, virou com tudo e jogou a bola na cara De ron, que após ser atingido, deu um ou dois passos para traz. Ronnie viu tudo vermelho por alguns segundos e colocou a mão nas narinas para ver a quantidade de sangue que estava saindo, e enquanto isso escutava meio bagunçado, risadas e a voz de Marcos que parecia dizer “foi sem querer professor! A culpa é dele de não conseguir pegar um passe alto em pleno 10º ano!”. “A mesma desculpa sempre... como ele consegue se safar tantas vezes com a mesma desculpa? Esse Filho da Puta!” estava pensando Ronnie, mas a única coisa que fez foi ir buscar a bola, voltar para a roda e fazer o mesmo que todos.
  - Meu nome é Ronnie James, tenho 15 anos, moro em Sândalo. – Ronnie olhou para Marcos e viu que a traz de seu amarelo ele escondia dourado. ”Como não percebi isso?” pensou ronnie ” Marcos tem dourado, ama me rebaixar para se sentir mais elevado... É esse amarelo que esconde o dourado, devo tomar mais cuidado com esse amarelo...”



Escrito por: Rafael Lucas de Souza Alves
12/05/2013

Sinestesia - Capitulo 3


  Algumas semanas se passaram e Ronnie continuou a jogar Lot of War nos seus tempos ociosos, afinal era um mundo novo com amigos novos e cheio de coisas para se explorar, mas lógico, não era a mesma coisa que a esgrima, a esgrima lhe trazia mais cores, cores que nunca imaginou ver, cores que sempre via, cores que só chegou a ver uma vez, cores de todos os tipos.
  Hoje é sábado, dia que Ronnie visita a esgrima para dar vida as cores, embora Marcos também participasse dela, ele estava aprendendo a não ligar em sua presença, afinal, treinador Splinter sempre estava por perto e Marcos ia embora de carro com os pais.
O treinador Splinter parece ter uns 40 anos e não é tão auto para a idade, tem cabelos castanhos com grisalho exala cores cinza azulado e costuma usar um kimono vermelho com bordas pretas, bem diferente de todos os alunos, que usavam uma camisa comum, calças moletom e tênis confortável.
  Ronnie deslogou do Lot of War, vestiu uma camisa qualquer que ele pegou no armário, trocou a bermuda larga por calças moletom cinza, vestiu o par de tênis e partiu para a academia de esgrima. A academia de esgrima ficava a apenas alguns seis ou oito quarteirões, Ronnie nunca parou para contar.
  Quando estava para entrar na academia, viu uma garota que exalava uma cor azul clara, linda, tanto a cor exalada quanto a garota, branca, magra, olhos tão negros quanto jabuticaba, cabelos pretos como os olhos com mechas azuis claras, mechas azuis claras como a cor que ela exalava. Ronnie se deu fascinado e não parava de olhá-la, mas quando percebeu que ela também o olhou, e deu um sorrisinho, ele sentiu vergonha virou a cara e entrou para a academia.
  Na academia Ronnie sentou no chão como de costume, para esperar o treinador chamar a todos e dar as ordens, mas pensando na garota nem percebeu as ordens, deu por si quando as cores lhe chamaram, gritando “Desvie para a esquerda! Rápido!” e assustado, desviou quando um golpe de cima para baixo quase lhe atingiu, não sabia como nem quando, mas já estava treinando, todos estavam, os novatos já tinham aprendido o básico nos treinos passados, e estavam treinando com os mais velhos agora, Ronnie mesmo estava lutando com um, Vinicius, o baixinho de voz estridente que exalava a cor amarela, esse amarelo brincalhão, sempre estava com o cabelo amassado pelo boné que usava fora dos treinos. Ele era ágil e veloz, as cores da esgrima se alternavam velozmente conforme ele lutava, mas como era um iniciante, era fácil obedecer aos comandos das cores contra Vinicius, pois não eram comandos muito diferentes, apenas rápidos.
  “Desvie, esquerda , direita, pule para traz avance e desvie a espada, ataque, ataque, defende, desvie...estoque o peito” as informações estavam vindo tão rápido que pareciam um comando de uma cor só e após cumpri-las Vinicius estava no chão com a estocada de Ronnie e nesse momento por algum motivo Ronnie só imaginou a cor azul da garota, mas então a risada estridente de Vinicius lhe fez voltar.
  - hahahaha, você é muito bom Ron, há quanto tempo está na academia?
  Ronnie começou a treinar aos 10 anos, meio que forçado pela sua mãe, afinal, não fazia nenhum tipo de exercícios físicos.
  - faz 5 anos mais ou menos. – respondeu Ronnie
  - ta explicado então. Espero um dia ser tão bom quanto você. Bem, vou partir para o próximo.
  -ok
  Vinicius foi lutar com outra pessoa, era comum fazer troca de parceiro entre uma luta e outra nos treinos, Ronnie pegou outro novato, agora era Guilherme, o gordo com pouco fôlego. Ronnie tinha pena de Guilherme, pois ele teve uma vida sedentária e de repente sua família lhe obrigou a praticar algum esporte, antes que ele tenha um ataque cardíaco, a cada palavra ou gesto que Guilherme fazia parecia que ele estava tendo um ataque cardíaco e pedia frequentemente tempo para recuperar o fôlego, mas quanto mais ele treinava menos freqüente isso acontecia, era uma coisa boa. Ronnie e Guilherme iam embora a pé para casa, os dois moravam na mesma rua, e por nenhum dos dois sair muito de casa só souberam disso quando os dói fizeram o mesmo caminho para chega em casa.
  - E ae Guilherme, quer treinar a sua defesa ou seu ataque hoje?
  - Bem... Ando me defendendo muito nos treinos... Na verdade só faço isso... Seria legal um pouco de ataque...
  - então venha.
  Ronnie agia assim quando lutava com Guilherme, aquele azul escondido e calmo que ele exalava lhe fazia isso, as cores de luta não davam apenas comandos para Ronnie lutar davam comandos de como ensinar Guilherme. “Ensine como melhorar a estocada”, “defenda“ ,“ensine como dar um bom golpe duplo”, “defenda e desvie”, “ensine como quebrar a defesa”. O treino com Guilherme seguia nesse ritmo até Guilherme perder totalmente o fôlego e querer parar um pouco, então Ronnie acertava-o para dizer que a luta acabou, e Guilherme ia se sentar até recuperar o fôlego.
  A fila andou, Ronnie lutou usando os comandos das cores, mas perdeu algumas, pois de repente o azul claro da garota lhe aparecia em mente, até que chegou a vez de lutar com Leonardo. Leonardo era o filho mais velho de Splinter, tinha 18 anos e no momento, o aluno com mais tempo de academia, afinal, entrou logo quando ela foi fundada a 8 anos. Leonardo era um pouco mais alto que Ronnie, mas era mais por conta da idade, raspa o cabelo e gosta de usar uma bandana azul na testa. É um ótimo lutador e melhor ainda usando duas espadas, embora Splinter raramente o deixasse fazer isso, exala uma cor azul meio cinza, uma cor que lembra a cinza azulada do treinador, uma cor que impõe respeito e lealdade, quando era preciso Leo consegue fazer uma cor escura igual à de seu pai, mas dentre essas cores sempre existe um lilás de incerteza escondido.
  Os dois se prepararam para a luta e começaram, em lutas contra outros alunos, ambos gostam de esperar o primeiro movimento do adversário, mas como os dois sabiam disso, ambos avançaram para o ataque. As cores deram os comandos à Ronnie, “De um golpe de cima para baixo visando o ombro esquerdo, mas recue com qualquer sinal de ataque” e foi isso que aconteceu, Leo desviou rapidamente do ataque de Ronnie e desferiu um golpe parecido, visando o braço, mas Ron conseguiu desviar. “Agora avance novamente e desfira um golpe de baixo para cima, recuando em seguida” ao atacar Leo, o mesmo respondeu rapidamente desviando e dando uma estocada que por pouco não pega Ronnie. Leo era rápido, forte, ágil e inteligente, até as cores às vezes não sabia o que ele queria realmente fazer e a luta foi acontecendo. Ronnie tentou acertar algumas estocadas em Leonardo, mas o mesmo desviou de algumas e defendeu outras, a ultima estocada ele conseguiu segurar espada com espada e Ronnie se viu obrigado à recuar para não receber uma estocada no peito, então Leonardo ergueu a espada para desferir um golpe de cima para baixo e as cores falaram “acerte um golpe rápido em seu peito” mas quando Ronnie fez isso, Leo se abaixou para desviar do golpe, avançou para bem próximo de Ron e se ergueu com a espada dando um golpe na barriga que deixou Ronnie ao chão e um pouco atordoado.
  - Foi uma boa luta Ronnie – disse Leonardo, estendendo a mão para ajudar Ronnie a se levantar.
  - Mas continuo perdendo para você. – Ronnie respondeu risonho.
  -  Eu tenho alguns anos a mais de pratica, quando tiver a minha idade, vai ser melhor que qualquer um aqui. Bem, de qualquer forma, o treino de hoje acabou.
  Ronnie olhou em volta e percebeu que todos já estavam no grande circulo para  finalizar o encontro, na verdade, o circulo se iniciou em volta de Ronnie e Leo. Ronnie percebeu que todos estavam olhando a dupla, se sentiu envergonhado e se levantou rapidamente com ajuda da mão de Leonardo.
  - Os dois estão em ótima forma como sempre. – Disse o treinador Splinter junto ao circulo – Daqui a dois meses, participaremos de um campeonato em uma cidade próxima, e vocês dois já estão convocados para o time. Temos mais duas vagas para a equipe, e estou escolhendo quem merece participar todos os dias, olhando suas atitudes e técnicas, faltando um mês de treino direi os nomes dos outros dois participantes, por isso, treinem ao Maximo. Tenham uma boa noite.
  E assim acabou o treino, guardaram os equipamentos e ao sair Ronnie lembrou-se da garota azul, “será que ela mora aqui perto ou está apenas visitando algum parente?” e a imagem dela não saiu de sua cabeça: branca, olhos de jabuticaba e cabelo preto com mechas azuis, mechas azuis como a cor que ela exalava. Ronnie não conseguia prestar atenção no que Guilherme falava, parecia ser alguma coisa sobre Lot of War, mas não importava, não com aquela imagem na mente.


Escrito por: Rafael Lucas de Souza Alves
07/05/13