domingo, 12 de maio de 2013

Sinestesia - Capitulo 4


 As aulas voltaram, mas em relação à sala do ano passado, Ronnie não via muita diferença, os garotos exalavam o tom amarelo, puro ou misturado com verde ou laranja, fora Marcos, que exalava amarelo, preto e vermelho, muitas garotas exalavam rosa e verde, sempre entre os grupinhos tinha uma que exibia dourado, na sala havia uma pessoa que Ronnie chamava de “sempre raivosa”, que sempre exalava vermelho, e uns 2 que exalavam bege, quase o mesmo de todos os anos, só Mick que lhe fazia falta.
  O professor entrou na sala e foi direto à lousa, esbanjando o seu roxo como a maioria dos professores, Ronnie sabia o que iria acontecer, todo início de ano de aprendizado os professores queriam fazer alguma espécie de apresentação ou coisa do tipo, então o que ele precisava fazer era apenas ficar quieto e dizer seu nome e idade quando o professor perguntasse. Após ver todas essas cores na sala, Ronnie lembrou da promessa feita ao Mick, que iria fazer uma espécie de explicação sobre as cores que ele via. Ronnie pegou os lápis de cores que trouxe de cara, uma folha de sulfite e começou a pintar círculos, um de cada cor, para escrever na frente de cada um, o que sentia em relação aquela cor, lógico que ele não tinha todas as cores, e nem sabia explicar o sentimento de outras, mas tentou fazer o básico.
  O tempo passou e logo era o intervalo, Ronnie desceu até o térreo e foi até o jardim, em um local com arvores cortadas onde ele e Mick costumavam sentar para conversar, e lá estava Mick, sentado em um tronco cortado de arvore.
  - E ae Ron! Tudo beleza? – Mick estava alegre, assim como sempre, e esbanjava sua cor laranja.
  - Tudo bem cara. Lembra aquela explicação sobre minhas cores que eu lhe prometi no L.o.W.? Tentei fazer algo nesse papel. - Ronnie mostrou o papel à Mick, que por sua vez pegou o mesmo e o segurou para ler, meio que afastando o rosto da folha.
  - Azul, fascinante. Vermelho, Raiva. Amarelo, brincalhão. Bege, pessoa com medo ou tímida. Roxo, inteligência. Rosa, alguém que quer atenção. Verde, inveja. Laranja, alegria. Cinza, calma. Rosa camarão, vergonha. Branco, esperança. Preto, algo que devo temer. - Mick leu em voz alta e clara o que estava escrito no papel.
  - A maioria das vezes eu vejo as pessoas exalando elas, o que quer dizer que elas são daquele jeito, mas as vezes eu vejo o que estou exalando, normalmente é quando aquele sentimento está tão grande que eu não consigo conter. Também tem cores que não sei explicar, a maioria nem tenho lápis de cores o suficiente, como o dourado, que normalmente são pessoas que querem sempre estar pro cima dos outros. Tem as “Cores de Esgrima“ também, são as mais diferentes e difíceis de demonstrar em papel, mas elas normalmente me dão comandos de como eu devo lutar.
  -Pelo menos é o básico. Hahahah! – Mick tinha uma risada forte e alta – Quer dizer que eu exalo laranja? Legal... E aquela garota lá? – Mick apontou para uma bela garota de seios fartos, cabelo castanho meio encaracolado que estava indo conversar com uma amiga – que cor ela exala?
  - A garota?! Eeer... Rosa... Quase todas as garotas exibem rosa... E também...  Um pouco de... Azul... – nesse momento Ronnie já estava corado e Mick estava rindo.
  - É... Aqueles seios chamam bastante atenção e são fascinantes. Hahahaha! Mas e no L.o.W.? Você também vê essas cores no mundo virtual?
  - Vejo com menos freqüência, às vezes em algumas lutas com boss consigo até ver as “Cores de Esgrima”.
  - Deve ser por isso que você quase não morre. Hahaha! Vamos lá nos bebedores, estou com sede.
  Ronnie e Michelangelo andaram devagar até os bebedores, no caminho falaram bastante sobre Lot of War e após beberem água o sinal que dava o toque de retornar à sala de aula foi acionado, os dois se despediram e foram para suas respectivas salas, Ronnie no segundo andar e Mick no primeiro.
  As próximas aulas de Ronnie eram de educação física, se é que ele podia chamar aquilo de aula, afinal, o professor apenas decia com todos para a quadra, dava uma bola de dashball para os alunos e eles que se virassem jogando, a única diferença que vira nessa aula era porque estavam no inicio de ano, e o professor Osmar queria que todos se apresentassem.
  -Olá! Meu nome é Osmar e eu sou o professor de educação física! – disse o professor Osmar, como se ninguém lá o conhecesse – Quero conhecer todos aqui, e também quero que todos formem uma roda... Isso... Agora vou passar essa bola para alguém do circulo e quero que essa pessoa pegue a bola, diga seu nome, idade e em que bairro mora. Começando agora.
  O professor Osmar fez uma pose parecida com a pose de passe de dashball e jogou a bola para uma garota que exalava rosa com um verde muito bem escondido, que pegou a bola com dificuldade enquanto seus amiguinhos davam risadinhas.
  - Meu nome é Ana, tenho 15 anos e moro no bairro Narciso. – Ana apenas passou a bola para sua amiga ao lado, dando risadinhas, em vez de jogar a bola para alguém como o professor. A amiga de Ana exalava rosa e dourado
  - Meu nome é Penélope, tenho 15 anos e moro no bairro de Narciso. – a mesma fez o mesmo gesto que a amiga, porem o fez para um garoto alto de pele morena que exalava rosa, amarelo e laranja, parecia ser o tipo que está sempre tentando conquistar as mulheres.
 - meu nome é Gustavo, tenho 16 anos e moro no bairro Sândalo. – Gustavo jogou a bola, mas não que nem o professor fez, ele apenas pulou uma menina que exalava bege ao seu lado e passou para um baixinho de boné que exalava amarelo.
  -Meu nome é Vinicius, tenho 15 anos e Moro no bairro Jacinto. – Era o mesmo Vinicius da esgrima, o mesmo Vinicius de voz estridente – Os caras podem me chamar de Viny e as gatinhas podem me chamar de amor. - Vinicius deu uma piscadela nada discreta para uma menina que ficava a sua frente na roda, e muitos deram risadas, ele foi o primeiro a jogar a bola como o professor fez, e dessa vez a bola foi para Marcos.
  - Meu nome é Marcos Mori, tenho 17 anos e moro em Tomilho.
   Marcos exalou um pouco mais seu amarelo e seu preto que normalmente, olhou para Ronnie e depois para a direção contraria, como se estivesse procurando pra quem iria jogar a bola, virou com tudo e jogou a bola na cara De ron, que após ser atingido, deu um ou dois passos para traz. Ronnie viu tudo vermelho por alguns segundos e colocou a mão nas narinas para ver a quantidade de sangue que estava saindo, e enquanto isso escutava meio bagunçado, risadas e a voz de Marcos que parecia dizer “foi sem querer professor! A culpa é dele de não conseguir pegar um passe alto em pleno 10º ano!”. “A mesma desculpa sempre... como ele consegue se safar tantas vezes com a mesma desculpa? Esse Filho da Puta!” estava pensando Ronnie, mas a única coisa que fez foi ir buscar a bola, voltar para a roda e fazer o mesmo que todos.
  - Meu nome é Ronnie James, tenho 15 anos, moro em Sândalo. – Ronnie olhou para Marcos e viu que a traz de seu amarelo ele escondia dourado. ”Como não percebi isso?” pensou ronnie ” Marcos tem dourado, ama me rebaixar para se sentir mais elevado... É esse amarelo que esconde o dourado, devo tomar mais cuidado com esse amarelo...”



Escrito por: Rafael Lucas de Souza Alves
12/05/2013

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